Cirurgia Cardiovascular

Menor paciente operado no Brasil

Com 13 dias, Yugo Ferreira se submeteu a uma cirurgia cardíaca contra uma infecção adquirida na maternidade 

Marcos Borges/Folha Imagem

Yugo Ferreira, de sete meses, que teve uma infecção grave no coração 

JULLIANE SILVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL 

O pai preferiu esperar no carro e a mãe ficou em pé no corredor do hospital durante as três horas em que o recém-nascido Yugo Nakaba Ferreira, hoje com sete meses, permaneceu na sala de cirurgia.

O bebê, que tinha 13 dias de vida, pesava pouco menos de um quilo e media 43 cm, ficou com o coração e o pulmão parados por meia hora para que a equipe médica pudesse tratar com mais precisão uma válvula cardíaca que estava infeccionada e prejudicava a circulação sanguínea.

Durante uma hora e meia, seu sangue foi desviado para uma máquina que fez o papel dos órgãos em repouso -de bombeamento e oxigenação do sangue-, técnica conhecida como circulação extracorpórea.

Os médicos acreditam que Yugo seja a menor criança do Brasil que sobreviveu a esse tipo de cirurgia. “O menor do mundo pesava 700 g, então estamos perto. A agressão é maior quanto menor é o peso. Toda vez que o sangue circula fora dos vasos, o organismo interpreta que o fluido está fora e desencadeia uma série de respostas inflamatórias que começam a trazer alterações em todo o metabolismo”, explica o cirurgião Leonardo Mulinari, responsável pelo Serviço de Cirurgia Cardíaca do Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba (PR), onde Yugo se operou.

“Falaram que era um procedimento muito complicado: o coração do meu filho tinha o tamanho de uma moeda de R$ 1. Sem a operação, ele morreria”, diz o técnico em funilaria Ezequias Ferreira, 38. “Mas nenhum médico falou com segurança sobre a possibilidade de ele viver, para ficarmos mais tranquilos. Ainda assim, era melhor arriscar.”

Na Eslovênia a trabalho, Ezequias recebeu a distância a notícia de que Yugo havia nascido prematuramente, na 30ª semana de gestação. Voltou para o Brasil no mesmo dia.

Yugo passou os primeiros dez dias na UTI da maternidade, quando foi diagnosticada endocardite infecciosa -uma infecção na parte interna do coração, que comprometeu uma das válvulas cardíacas do lado direito, responsável por direcionar o fluxo de sangue.

Esse tipo de infecção é raro, mas muito grave, e frequentemente leva à indicação de cirurgia, já que dificilmente antibióticos conseguem combater o problema. Provoca aumento dos batimentos cardíacos e febre e ocasiona redução da pressão arterial.

O problema ocorreu na maternidade onde Yugo nasceu. Por ser prematuro, ele recebia soro por meio de um cateter, que entrava em seu organismo pelo umbigo e caminhava até o coração. A contaminação do cateter ocasionou a infecção na parte interna do coração, no lado direito do órgão.

“Todo o processo foi impactante. Quando fui vê-lo, soube que era muito pequeno, mas tinham me dito que daria tudo certo. Mas, com a infecção, tivemos de levá-lo com urgência para outro hospital, e a forma como falaram com a gente não dava muita esperança”, conta Ezequias.

Durante a cirurgia, foi retirada a parte infeccionada da válvula, localizada no lado direito do coração. A recuperação dependeria da capacidade de o organismo de Yugo se adaptar à agressão da cirurgia e de o coração conseguir trabalhar com a nova anatomia da válvula.

O corpo de Yugo respondeu bem ao procedimento, mas, no segundo dia após a cirurgia, os médicos identificaram outra infecção no coração, localizada no lado esquerdo. Por ainda estar muito debilitado, o menino não poderia passar por uma nova operação.

“Foi uma surpresa. Era como se tivéssemos voltado à estaca zero. A chefe da UTI neonatal já veio falando para termos fé e rezar”, lembra a mãe, a bancária Tiyomi Nakaba, 36.

Uma junta médica estudou o caso e decidiu usar diferentes tipos de antibiótico para combater o problema. A área infeccionada reduziu-se gradativamente durante um mês -foram três, no total, até Yugo receber alta. Durante esse período, a família passava o dia com ele, mas tinha de ir embora à noite, já que ele ficava na UTI.


“A alta foi muito esperada. Quando recebemos a notícia, no entanto, ao mesmo tempo em que deu um alívio fiquei baqueada, porque no hospital o bebê estava sendo cuidado. Em casa eu tinha certeza de que ele dependeria só de mim e de meu marido”, diz a mãe.

“Olho para ele e lembro quando ele estava na incubadora, quando a gente não tinha a mínima expectativa de que ele sairia vivo. Os médicos foram muito competentes. Milagres acontecem”, resume o pai.

Informações

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